Sei o que sinto? Sinto, mas não sei por que... Uma vontade de rasgar a ferida quase cicatrizada. Quando me queimei pensei. Como sou idiota, poderia bem estar deitado agora, acolhido por meus sonhos e pelo lençol. Mas Nunca se está protegido o suficiente e não me lembro de estar satisfeito após uma noite há muitas... Então veio essa dor que me acompanha e marca meu caminho agora penso. Me arde um anseio de arranhar, coçar, destruir-me nesse prazer doentil que é o sentimento da pele, que hora me derruba e hora me joga num salto sem destino... É a dor que nos faz não fazer tantas coisas, medo do fogo, medo... Foi ela quem me disse pra ficar quieto, ver mais filmes, beber menos e o segredo das pernas pro ar. Sei que está passando e agora essa agonia me consome, feito o cachorro que roe a carne viva da pata parasitada de hematofagos, me desfaço em pontas de agulhas a be ira de um possível...
Seria improvável que eu estivesse aqui hoje e nesse momento, ouvindo mombojó e digitando palavras de insatisfação com a vida, mas aqui estou. Primeiro eu pensei que a vida era algo sério, e me preucupei muito com minha formação e porte, do meu corpo e de minha boca, dos meus atos e dias... Mas então eu vi a mentira e ela me disse que nem tudo é o que parece ser e que na verdade nenhuma verdade de fato existe, o que me provou que viver pode ser bem mais divertido e despreucupante. E fui feliz a brincar de viver, curtindo os prazeres mais efemeros que pude encontrar. Mas nada é bom por muito tempo e veio a foice me mostar toda fragilidade que há em estar vivo, a dor, o sofrimento e o tempo passando sem trégua. Tive medo mas fui forte e escalei cada desafio com muita alegria e esperança, eu já fui muito feliz e seguro de tudo... Mas minha pequena raposa, que durante esse ano esteve sempre ao meu lado, decidiu partir e me deixou sem chão, sem destino, inseguro e mais que tudo perdido. Nunc...
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